Parecia que ninguém nunca esteve ali. Não que antes tudo fosse povoado por multidões, contudo, nada se comparava ao deserto populacional em que se encontrava. Esta cidade nunca fora uma metrópole, pois para povoá-la ou ao menos visitá-la, eram necessários visto, entrevista e seleção criteriosa. Tanta burocracia reduzia lentamente a densidade demográfica e assustava os futuros imigrantes dessa terra. No entanto, os poucos que ali viveram não tinham do quê reclamar, uma vez acolhidos tinham longos períodos de felicidade. O único empecilho era a rigidez que regia a cidade e, por vezes, gerava uma grande evasão demográfica em curto período de tempo. O nome da cidade? CORAÇÃO. O mal que dizimava a população? MÁGOA, EGOÍSMO, RANCOR e DESILUSÃO.
segunda-feira, 1 de agosto de 2011
terça-feira, 24 de maio de 2011
O mundo mudou. Para pior.
Onde foram parar as conquistas dos jovens idealistas de tempos atrás? Parece que nada mudou em nuances positivas. A tal da censura ainda existe sigilosamente por aí. As castas sociais ainda agem de má fé diante dos menos favorecidos, expressando-se pelo poder de compra dos objetos e das pessoas. Decisões tomadas tendenciosamente para o lado mais forte, onde cada nova conquista é um tijolo do castelo de egoísmo e ostentação. E o que fazer? Como reivindicar? Parece que a época dos caras-pintadas já passou. O máximo que os jovens de hoje conseguem é reclamar, via redes sociais, do clima, de como está com fome, da preguiça de estudar, de como bebeu ontem... Não julgaria se a maioria não fizesse apenas ISSO. Eu como jovem dessa década, me incluo em alguns desses casos, afinal, é difícil não se contaminar pelo comodismo que cresce cada dia mais. E é incrível como a facilidade de achar que tudo está bem repousa tranquilamente sobre os nossos ombros. Estamos numa situação confortável. Aparentemente não temos do que reclamar. E enquanto nos perdemos nessa névoa de futilidade e inércia, os grandes idealizadores se esbaldam na ausência de atitudes e se divertem às custas dos que nada podem fazer. Afinal, como disse Cazuza, a burguesia fede. E não há perfume francês que disfarce o odor.
domingo, 22 de maio de 2011
Saúde, descaso e abandono.
Eis que o esquecimento paira como uma espessa nuvem de fumaça, uma névoa de descaso e desinteresse. Pessoas transitando como objetos, largadas como bugigangas imprestáveis pelos corredores. Apenas por ser “qualquer um”, sem influência e nem nome importante, são enumerados e enfileirados, esperando apenas a hora certa para desfalecer. Tratamentos em série, sem sensibilidade e nem dedicação acompanhados de uma estrutura deficiente, ausência de materiais e profissionalismo. E de quem é a culpa? É possível ser apenas alguém especificamente? Não. Tudo advém de uma lista de sucessivos erros que não levam a lugar nenhum. Dos gestores, que negligenciam a atenção em saúde concomitantemente a diversos escândalos de desvio de verba e fraudes no sistema público. Dos profissionais, em sua maioria, que se aproveitam do descaso na gestão pública e se esquecem de agir com ética. Escolher a área de saúde é escolher o sacerdócio. É encontrar para o próximo uma solução para a sua dor. É confortar mais do que com medicamentos ou procedimentos, é confortar com PALAVRAS. Não visualizando CLIENTES, e sim, PACIENTES, pois saúde não é produto e nem mercadoria, é um direito de todos.
segunda-feira, 16 de maio de 2011
A linha e o tempo.
Apesar do digital, eu prefiro à caneta. Na escrita se demonstra a personalidade, a letra varia de acordo com a intensidade do momento. O que eu vejo, o que eu penso. Tudo o que eu digito, um dia já foi borrão do que sinto. A tinta ao penetrar no papel funciona como uma marca talhada em madeira e as manchas como pensamentos turvos ainda sem definição. Os rabiscos são os nossos erros: mesmo passando por cima estão sempre ali, nos lembrando de algo que fizemos e, por vezes, conseguimos superar e aprender. A linha é o tempo: contínua e com destino certo, apresentando hora pra acabar. Contudo, abaixo ainda há sempre outra linha, mostrando que para o tempo sempre tem como recomeçar.
segunda-feira, 9 de maio de 2011
Reciclável, Descartável, Retornável.
Os sentimentos poderiam ser descartáveis, vendidos em prateleiras de supermercados e divididos por seção: os que fazem sofrer, os que fazem chorar e os sem explicação. Depois de usados seriam descartados em um lixo com seleção, para serem reciclados e um outro ser, ainda desavisado, usá-los sem distinção.
Seria mais fácil, pois os sentimentos teriam prazo de validade e também uma recomendação por idade, tornando mais fácil amadurecer, sendo armazenados em recipientes plásticos esperando a hora de florescer. Alguns como a felicidade poderiam ser utilizados sem contra-indicação. A raiva e o ódio somente sob recomendação. O amor ainda está em estudo por seus efeitos colaterais incontroláveis. Quais? Todos os outros sentimentos de uma só vez.Ainda não se sabe a idade certa, nem o tempo determinado e enquanto nada se define, seu uso é indiscriminado.
quarta-feira, 27 de abril de 2011
Analogia, veneno e informação.
Um balde de informação na cabeça despejado de uma só vez. Uma dose letal de veneno injetada sem dó.
Comparação?Extrema, mas sim, comparação. Um fluxo intenso que confunde, afeta e mata. Mata de curiosidade e ansiedade, gerando um ônus na linha imaginária da vida, num estilo "volte algumas casas".
O que seria melhor, uma morte súbita ou agonizante?
O excesso de informação gera falecimento do raciocínio e da capacidade de percepção. O que está a um clique de distância encontra-se a quilômetros do prazer da descoberta. A facilidade nos impõe limites, nos torna artificiais, seres com pensamentos idênticos advindos de um site de busca qualquer. O veneno ao menos é impiedoso, destrói tudo de uma única vez. A overdose de informação é cruel, fria e calculista, nos transporta para um mundo de acessibilidade embalada, conceitos fabricados e descobertas manipuladas. E somente depois de perdermos o prazer de viver e por fim mergulharmos em tédio profundo, nos daremos conta de todo o tempo que se foi em frente a uma tela touchscreen.
sábado, 22 de janeiro de 2011
Madrugada, no meu lugar.
O fato desse texto ter mudado subitamente para a primeira pessoa foi algo inesperado. Eu não esperava desabar em opiniões diretas e objetivas dessa forma. Mas pergunto como posso desprender tantas ramificações de pensamentos tão rapidamente? Me perdendo por entre eles de uma forma mais inesperada ainda? Era de se esperar que isso não ocorresse, uma vez que são os “meus” pensamentos e teoricamente eu teria pleno controle sobre eles.
Mesmo não delineando o assunto de uma forma objetivamente clara, acabei focando no assunto inicial e acidentalmente respondendo a principal pergunta: as atitudes surgem assim, como um texto escrito sem roteiro, como desabafos, como se as pontas dos dedos associadas a um pensamento rápido e aparentemente emocional dessem forma, quase que sem querer, a um turbilhão de sentimentos irracionais. As atitudes nada mais são que rascunhos que não tiveram tempo de serem passados a limpo.
sábado, 15 de janeiro de 2011
As coisas do nome ou simplesmente chame do que quiser.
Escrever é bem engraçado. Corrigir a pontuação, a concordância e até mesmo a própria discordância. Suavizar ou radicalizar o texto, deixá-lo enxuto ou por vezes seco. Procurar o assunto é quase uma guerra interna de pensamentos divergentes convergindo para um único ponto: a ponta dos dedos que digitam ou transcrevem.
E quando as palavras somem? E quando texto some? E quando a criatividade não flui? Tentamos então lembrar o nome das coisas e as coisas do nome. Passamos e-mails, fax, mensagens por telefone. Um fim trágico: nos esquecemos ou simplesmente não queremos lembrar. Nem sempre as palavras fogem da gente. Às vezes somos nós que fugimos delas. E explicar o porquê renderia outro post tão desconexo quanto esse.
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